Cenografia e figurinos
Ana Luena
; Desenho de luz
Rui Monteiro;
Música original
Rui Lima e Sérgio Martins;
Interpretação
Margarida Gonçalves, Pedro Mendonça e Pedro Almendra / Rodrigo Santos (atores)
;
Rui Lima (músico)
; Realização de documentário
César Pedro;
Fotografia
Paulo Cunha Martins
Ilustração
Rui Sousa
; Design gráfico
Os estafermos (Nuno Martino e Juvenal Pinheiro);
Coordenação e gestão de conteúdos editoriais
Manuela Leitão
; Produção executiva
Ana Fernandes
; Coprodução
Teatro Bruto e
Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura;
Projeto apoiado pela DGArtes – Apoio à Internacionalização; Projeto com a Chancela do Ano de Portugal no Brasil
M/16 anos | Duração 1h15
Próxima apresentação
5 de setembro 2013
Cine-teatro Avenida, Castelo Branco
Estreia
25, 26 e 27 de maio de 2012
CAAA (Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura), Guimarães
Carreira
De 30 de maio a 16 de junho de 2012
Espaço Bruto/Fábrica Social, Porto
Internacionalização
1 a 24 de março de 2013
Rota das Letras - Festival Literário de Macau
Laboratório de formação e criação cénica - 4 a 15 de março
Escola Portuguesa de Macau
Conferência cénica e projeção de imagens de "Diário em Macau" - 16 de março
Escola Portuguesa de Macau
Apresentação espetáculo Canil - 24 de março
Teatro D. Pedro V
Parceiro
Rota das letras – Festival Literário de Macau
Apoio à internacionalização
DGArtes / SEC
Apoios
BNU (Macau); Casa de Portugal; Escola Portuguesa de Macau
Conferência Cénica no Festival Literário de Macau
A encenação da Conferência Cénica é o resultado do trabalho desenvolvido durante o Laboratório de Formação e Criação Cénica em Macau, e cruza momentos de leitura e interpretação cénica do texto, temas musicais, projeção de imagens e intervenção do autor, contando com a colaboração dos participantes no laboratório, dos criadores e do público. A conferência cénica é um trabalho de criação original, que situando-se numa zona formal, poderá ir do expressamente teatral à “instalação cénica”, tendo como ponto de partida um capítulo do romance
O filho de mil homens
, do escritor Valter Hugo Mãe, cuja escrita, universal, poderosa e brutal, vai ao encontro do interesse dramatúrgico desta companhia.
Autor
Valter Hugo Mãe
; Adaptação e encenação
Ana Luena
; Música original e interpretação ao vivo
Paulo Pereira
; Imagem e vídeo
César Pedro
; atores
Margarida Gonçalves
e
Pedro Almendra
; Alunos da Escola Portuguesa de Macau; Produção executiva
Ana Fernandes.
Canil
, de Valter Hugo Mãe, para o Teatro Bruto
Talvez seja cada vez mais utópica a construção de uma sociedade de equilíbrio entre fortes e fracos, entre patrões e empregados, entre governantes e governados. Talvez as revoluções sejam acontecimentos do passado, como se o presente vivesse num cinismo tão grande que já nada é suficientemente verdadeiro para que se saiba contra o que estamos a lutar.
Neste
Canil
, um grupo de homens junta-se para minar o sistema. Tão cheios de ideais, como cheios da ingénua capacidade de acreditar que o que defendem é bom para todos, estes homens falham, voltam a falhar. Talvez para aprenderem que o começo de todas as coisas deve ser marcado bem mais perto de cada um. Deve ser marcado na construção de uma relação mais leal e aberta com as diferenças de cada um. A sociedade, como uma infinidade de gente a que pertencemos, vem depois. Vem depois de entendidos os valores que, de facto, importam defender.
“O Corcunda marcou a revolução para as dez da manhã. Assim em ponto, meticulosamente, como uma coisa para não ter falhas, ser garantida e ficar na história. Faltavam três semanas.”
Após a primeira colaboração do Teatro Bruto com o escritor Valter Hugo Mãe – no espetáculo
Cratera, as crianças com segredos
, estreado em 2009 –, ficou uma imensa vontade de voltar a trabalhar com o autor. Naquilo que é o projeto artístico do Bruto, sinto uma forte proximidade e atração pela escrita e universo de Valter Hugo Mãe, aprofundada na experiência de trabalhar cenicamente os seus textos. Quando o convidei para uma nova colaboração com o Teatro Bruto, o Valter propôs de imediato escrever uma peça que explorasse a utilização de uma
voz off
– a de um narrador –, acerca de um grupo de pessoas envolvidas num processo revolucionário, uma comédia negra, de seu título
Canil
.
Canil
é o espaço de encontro deste grupo de revolucionários, o seu esconderijo, a sala de conspiração – “Era o fundilho de campo perdido, uma porcaria de paredes enterradas, um canil fedorento (…).” – e também, mais amplamente, uma metáfora da sociedade atual a que pertencemos, que aprisiona a animalidade e a liberdade do homem. Aqui, no canil, existimos no
devir
animal. As personagens são também cães que se movem entre uma ferocidade épica e o ridículo. O Corcunda é a personagem central, um ser obstinado. A sua vida é a revolução. Detesta falhas, as sensibilidades e o amor. No grupo de revolucionários dos
magros
conhecemos a Preciosa, o Estrangeiro e o Chefe. O Tenente-coronel e o Cabo Antunes são os militares envolvidos na revolução. Enigmática e obscura é a personagem que surge na mata.
A revolução falha porque ainda estão confusos e perdidos, afastados uns dos outros, e porque a revolução é, nos dias de hoje, algo pouco concreto, uma outra coisa que apenas sabemos ser diferente do antigamente.
O narrador de
Canil
é uma voz que descreve e pensa e é omnipresente em toda a peça. O trabalho dramatúrgico e de adaptação do texto para a encenação consistiu sobretudo em distribuir a narrativa pelas diferentes personagens. Na encenação, proponho um território entre a personagem e o seu narrador, atravessando várias camadas psicológicas num processo quase esquizofrénico e neurótico de dentro e fora.
Ana Luena/Teatro Bruto
“O Corcunda, quase a latir, dizia sempre o mesmo: temos de parecer os cães deles, fiéis, mas muito dentados e ferozes no momento em que pudermos explicar-lhes que nos estão a roer os ossos e que queremos carne. Como cães. Seremos como cães e atacaremos tudo, por dentro, por baixo, por trás. Sintam-se num canil, até que se sintam capazes de morder e vencer.”